Arménio Rego: "Autênticos … brutos e mentirosos"
O entusiasmo com a autenticidade campeia – na comida, nas viagens, na cultura, nas amizades, no amor, nos políticos, nas marcas. Não surpreende, pois, que a onda da liderança autêntica tenha vindo a ser surfada. Eu próprio já a surfei. E por boas razões, supunha eu. O líder autêntico, afirmando o que pensa, sem rodeios, suscita-nos confiança. Sendo o nosso líder franco connosco, sentimo-nos encorajados a responder-lhe com franqueza. Será exatamente isto que ocorre, como eu imaginava? Não é. Por duas razões fundamentais.
Primeira razão: a transparência e a franqueza de um líder, se não for acompanhada de sensatez, empatia e respeito pelos outros, transforma-se em brutalidade, sobranceria e humilhação. Carlos Ghosn, caído em desgraça após ter sido alvo de idolatria pela forma como salvou e fez progredir a Nissan, era transparente, franco e aberto. Mas desenvolveu tamanha soberba que ninguém se atrevia a contrariá-lo e a comunicar-lhe duras verdades. A sua franqueza era de tal forma bruta que as pessoas temiam ser francas com ele. Assim perdeu o pé na realidade e, quando se deu conta, estava à perna com a Justiça nipónica. Já era tarde.
Artigo completo disponível na LÍDER.
Categorias: Católica Porto Business School