Paula Ravasco: “É importante celebrar o Dia Mundial da Ciência para instigar o gosto pela ciência nas gerações mais novas”

O Dia Mundial da Ciência que hoje se comemora é, segundo a cientista Paula Ravasco, da Católica Medical School, uma oportunidade para “refletir nos desafios para o futuro e instigar o gosto pela ciência nas gerações mais novas.”

Para a investigadora, é importante “marcar e chamar a atenção para o papel da ciência no desenvolvimento humano e da sociedade, destacando os grandes nomes da ciência e seus contributos para a humanidade.”

Investigadora na área da Biomedicina e Medicina Clínica em Nutrição, Metabolismo e Medicina, Paula Ravasco acredita que o trabalho dos investigadores é “subvalorizado, mas isso nunca acontece por parte dos doentes e/ou familiares ou cuidadores.”

“Aprendi tudo o que sei e melhorei tudo o que aprendi com os doentes que tive o privilégio de receber na minha vida. Orientaram e definiram as minhas prioridades, e todos os dias a minha ambição e capacidade de lutar mais e melhor para criar mais conhecimento. Devo-lhes tudo”, acrescenta a investigadora.

Apesar de ainda existir alguma falta de reconhecimento, e da necessidade constante de “um esforço e dedicação tremendos”, a cientista tem sempre presente que a investigação “pode influenciar/mudar a vida, a saúde e a doença de pessoas” e “implica a luta ao lado deles, com eles, por eles e para eles”, e é isso que a move.

“Sou médica e nutricionista e infinitamente melhor clínica por ter escolhido fazer investigação na minha prática clínica, todos os dias. Nunca me separo do meu mindset de investigação, sempre que falo, ou quando trato quem tenho à minha frente e sempre que partilho esse conhecimento com os meus alunos”, conclui.

Quanto à grande descoberta que quer alcançar, no fundo aquilo que todos os investigadores procuram, Paula Ravasco confessa desejar que os resultados da sua investigação “cheguem a todos os doentes”, até porque “a ciência não se faz apenas de grandes descobertas, faz-se sobretudo do impacto que elas têm em mudar o curso das doenças e melhorar a vida do ser humano.”

Com uma carreira admirável, a cientista recorda com carinho todos aqueles que a inspiraram e a ajudaram a chegar aqui. É o caso da professora Maria Ermelinda Camilo, supervisora do seu Doutoramento e coordenadora dos primeiros projetos de investigação. Dela recorda “o entusiasmo, coragem e motivação permanentes, paralelamente com as críticas construtivas, decisivos para a qualidade de todos os artigos publicados.”  

Outro nome que refere é o professor Kenneth Fearon, que “em tom jocoso se referia a mim como Dame Ravasco. Um verdadeiro visionário, e um ser superior a qualquer sobranceria”, ou ainda o “professor Pedro Marques Vidal, por ser o primeiro e o centralizador deste caminho; abriu as portas para a investigação científica e docência; pela sua inestimável colaboração em inúmeros estudos internacionais colaborativos até à atualidade.”

Um caminho partilhado com grandes cientistas, que alcançaram o sucesso e reconhecimento internacional, por terem “curiosidade, cultura e coragem. Tal como disse Abel Salazar, o médico que apenas sabe medicina, nem medicina sabe”.

Não poderíamos terminar sem perguntar a Paula Ravasco o que sente ao ver o seu nome no World’s Top 2% Scientists 2022, como uma das cientistas mais citadas do mundo.

A resposta é esclarecedora: “Ter o privilégio e mérito de ver o meu trabalho reconhecido e citado internacionalmente é em si só único e o maior marco em qualquer carreira dedicada à investigação.”